quinta-feira, outubro 19, 2006

UM DIA NA ERA DO TUCANATO


Esta é uma sinopse de varios jornais do dia 18/05/1997, aleatoriamente escolhido, para lembrar os bons tempos do Tucanato.



JORNAL DO BRASIL
- Por trás do escândalo da compra de votos para garantir a aprovação da emenda da reeleição se escondem também interesses políticos sobre o domínio da Zona Franca de Manaus. As empresas instaladas lá geram um faturamento de R$ 13 bilhões ao ano e a Superintendência do Desenvolvimento da Zona Franca de Manaus (Suframa) administra incentivos fiscais de cerca de R$ 3 bilhões por ano. (pág. 1 e 3)
- A nomeação do senador Íris Rezende (PMDB-GO) para o Ministério da Justiça levantou dúvidas sobre os destinos do ministro interino, Milton Seligman, e dos principais assessores da pasta. Especula-se dentro do ministério que eles serão mantidos em seus cargos porque, contando com uma equipe que está funcionando de forma entrosada, Íris ficaria mais livre para dar atenção ao que o Governo quer dele no momento: o empenho nas negociações com a bancada peemedebista para garantir a reeleição e impedir a criação da CPI sobre a compra de votos de deputados. (pág. 4)
- O balanço do Programa Nacional de Desestatização (PND) e da dívida pública federal feito pela Trend Consultoria Econômica para o "Jornal do Brasil" mostra que o programa de privatização já arrecadou US$ 18,2 bilhões, mas a dívida mobiliária federal não pára de crescer. Deste total, apenas US$ 8,3 bilhões são em dinheiro; o restante, US$ 9,8 bilhões são moedas podres, usadas para cancelamento de dívida. Parece uma montanha de dinheiro, mas revelaram-se uma gota d'água no poço sem fundo do endividamento interno. (pág. 29)
EDITORIAL
"Desafio do futuro" - A fase preparatória da terceira reunião dos ministros de Comércio do hemisfério, em Belo Horizonte, que debateu a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), antecipou o que de fato ocorreu: tudo foi adiado para a quarta reunião ministerial, em São José da Costa Rica, em fevereiro de 98, um mês antes da Segunda Cúpula Hemisférica, marcada para Santiago do Chile. (...) Fernando Henrique mandou um sábio e comedido recado a Washington: economias como as do Mercosul precisam de tempo para se ajustar à globalização, a Alca não deve constituir uma vitória dos que buscam negócios imediatos. A participação brasileira na integração hemisférica não se fará em detrimento de nossas relações com outros blocos, sobretudo com os nossos vizinhos que já ultrapassaram a fase de área de livre comércio e já formam uma união aduaneira. (...) (pág. 10)
COLUNAS
(Coisas da Política - Dora Kramer) - Mesmo reconhecendo que a confusão provocada pelas denúncias de compra de votos para a reeleição é de boa monta e difícil solução, a tendência no Governo é acreditar que o presidente Fernando Henrique Cardoso salva-se de mais essa. Ou seja, daqui a pouco tudo cai no vazio, a CPI da Câmara não se instala e logo esse escândalo vai para o mesmo arquivo morto onde dormem tantos outros. Uma certeza perigosa, porque essas coisas todo mundo sabe como são, uma hora pegam no tranco e ninguém controla mais nada. Apesar disso, pode ser que o Governo tenha razão. (...) O Governo sabe também que pode pouco ou quase nada contra isso. Resta a ele a inquietação baseada na impotência diante de denúncias que vêm e que vão sem resultados concretos. E, por essa avaliação, a falta de compromisso com as consequências acaba gerando uma sensação gelatinosa de impunidade geral. (...) (pág. 2)
(Informe JB - Maurício Dias) - Antes de chancelar o nome do senador Íris Rezende, o presidente Fernando Henrique convidou o senador Antônio Carlos Magalhães para uma conversa. FH estava preocupado com possíveis sequelas do confronto entre ACM e Íris na disputa pela presidência do Senado. ACM não criou obstáculos. (pág. 6)
FOLHA DE SÃO PAULO
- "Senhor X" diz ter mais fitas da compra de votos
- O "Senhor X" afirma em entrevista à "Folha" que possui mais fitas sobre a compra de votos a favor da reeleição. "Tenho ainda muitas fitas, com muito mais pessoas". Ele é o autor das gravações em que os deputados acreanos Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL, revelam venda de voto por R$ 200 mil, envolvem outros três deputados do Acre e citam o ministro Sérgio Motta, das Comunicações. "O que já foi tornado público é mais do que suficiente para provar a bandalheira em torno da reeleição", afirma. "Parece que para uma punição ser efetuada é necessário ter milhares de provas". Ao longo de quase três horas de conversa, permaneceu calmo e tomou um copo de vinho. Para ele, "o argumento de que só cinco deputados podem ter vendido os votos é ridículo", porque "lá no Acre ocorrem tantas irregularidades como no restante do País". (pág. 1 e Brasil)
- Empresas da Zona Franca de Manaus financiaram a campanha de Amazonino Mendes (PFL) ao governo do Amazonas em 1994. De um total de R$ 1,3 milhão doado para a campanha, apenas R$ 45 mil não tiveram como fonte empresas da Zona Franca. Acusado de pagar R$ 200 mil a cinco deputados do Acre para votarem pela reeleição, Amazonino condicionou seu apoio a FHC à retomada do controle da Suframa. (pág. 1 e 1-14)
- O deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE), presidente da comissão de sindicância que investiga a compra de votos para aprovação da reeleição, acha que os eventuais corruptores só serão investigados em uma CPI. "Quando tem corrupto, tem corruptor", diz. Ele aguarda a comprovação da autenticidade das gravações com os deputados Ronivon Santiago e João Maia. Se isso ocorrer, apoiará a criação de CPI para o caso. (pág. 1 e 1-12)
EDITORIAL
"Para evitar uma democracia corrupta" - A revelação de que dois deputados federais receberam dinheiro para votar a favor da emenda da reeleição confirma o que todos suspeitavam - sem que houvesse provas - desde janeiro, quando ela foi aprovada pela Câmara. Houve negociações de todo tipo, numa gama que vai da legitimidade duvidosa até a pura e simples corrupção. Este jornal apoiou o direito de o presidente da República disputar um mandato consecutivo nas urnas, embora preferisse que tal mudança da regra fosse decidida em plebiscito. Essa teria sido a fórmula mais democrática e a única capaz de evitar que episódios patéticos, como os revelados agora pelo repórter Fernando Rodrigues, comprometessem a tese. Infelizmente, apenas a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar as responsabilidades e identificar os infratores devolverá, ao trâmite da emenda que faculta a reeleição, o mínimo de legitimidade de que ela precisa para merecer o respeito da opinião pública. (...) (pág. 1)
COLUNA
(Painel) - Um membro do Governo diz que FHC terá duas semanas fundamentais pela frente para ver se um de seus pilares políticos foi afetado pela denúncia de compra de votos na reeleição: o da honorabilidade. A resposta virá em pesquisas de opinião.
- A pesquisa Datafolha de anteontem fortalece a tese de que as duas próximas semanas são fundamentais, pois mostrou queda de FHC entre os formadores de opinião (mais ricos e mais instruídos), apesar de ser este o grupo que sempre o avalia melhor.
- Em conversa recente no Alvorada, FHC disse que se sente maltratado e abandonado. Queixou-se especificamente dos segmentos da sociedade civil que apóiam os programas do Governo, como o de privatizações, mas não reagem às críticas.
- O PSDB vai iniciar caravanas pelo País. Para defender o Governo, desgastado com a denúncia de compra de votos para a reeleição. O calendário sai na primeira reunião da Executiva do partido. (pág. 1-4)
O ESTADO DE SÃO PAULO
- Sonho político na Amazônia provocou crise
- Há um sólido condomínio eleitoral nas duas margens do rio Amazonas. Com uma teia de acordos políticos e negociais, tecida nos dois anos em que o orçamento triplicou, o governador do Amazonas, Amazonino Mendes, estendeu seu poder muito além das divisas do estado. Passou a influir também sobre as bancadas parlamentares do Acre, Rondônia e Roraima. Até a semana passada, era uma peça-chave do Planalto e do PFL na definição das maiorias nos plenários da Câmara e do Senado. As denúncias sobre compra de votos no Congresso colocaram sob suspeita seu grupo, no qual se destaca o governador do Acre, Orleir Cameli, que conquistou fama por envolvimento com contrabando, corrupção e falsificação. Amazonino Mendes quer mais. Projeta a criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia Ocidental. Essa agência substituiria a Suframa e a Sudam e teria jurisdição e poderes ampliados, com um orçamento anual próximo de R$ 500 milhões, a partir de taxas sobre importações e administração de incentivos fiscais. (pág. 1 e A12)

COLUNA
(Coluna do Estadão) - Com a nomeação de Íris Rezende e Eliseu Padilha, o Governo espera os votos do PMDB para aprovar a reforma administrativa. Mas não está muito otimista. Acha que consegue preservar o artigo que quebra a estabilidade do servidor público, mas tem dúvidas quanto ao destaque que permite a demissão por isuficiência de desempenho. Sem esse item, a reforma fica capenga.
- De Amsterdã, na Holanda, o deputado Wolney Queiroz (PDT-PE) mandou fax autorizando a inclusão de seu nome no requerimento para instalação da CPI da reeleição. O que somou 218 assinaturas. Os aliados do Governo tiveram de aceitar, pois eles mesmos, em outra ocasião, acolheram a retirada de assinaturas de deputados por fax. (pág. A6)
O GLOBO
- Empreiteiras no poder na região norte
- O escândalo da compra de votos trouxe à tona as ligações de empreiteiros com autoridades da Região Norte. O governador do Amazonas, Amazonino Mendes, por exemplo, aluga a casa de um empresário que tem contratos com a prefeitura de Manaus. No Acre, uma obra foi repassada para a empreiteira da família do governador Orleir Cameli. (pág. 1 e 3 a 12)
- O presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, saiu em defesa do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, atingido pelas denúncias de intermediação na compra de votos para a reeleição. Antônio Carlos chamou de moleques e malandros os parlamentares que vendem votos e pediu rito sumário para crimes contra o Erário. (pág. 5)
- As denúncias sobre a compra de votos para a reeleição fizeram com que o Governo começasse a perceber uma grande resistência do Congresso ao estilo de fazer política do ministro das Comunicações, Sérgio Motta. A irritação dos parlamentares governistas chegou ao máximo com duas de suas declarações. Na primeira, reclamou dos pedidos de deputados e afirmou que "nem pelado numa sauna" poderia falar com alguns dos integrantes da base governista. Na segunda, encarnou a voz do presidente Fernando Henrique e fez com que os líderes se sentissem desimportantes no esquema político. Segundo Motta, 95% de suas palavras refletem o que pensa o Presidente. Os outros 5%, diz o ministro, Fernando Henrique ainda não pensou. (pág. 5)
COLUNAS
(Panorama Político - Tereza Cruvinel) - Fernando Henrique parece mesmo acreditar-se vestido de tefal, aquele material anti-aderente que não deixa o ovo grudar na frigideira nem as denúncias pegarem na biografia de certos políticos. Mas, no frigir da crise da denúncia sobre compra de votos, ele e o seu PSDB perderam sozinhos, deixando o PFL e o PMDB no lucro. E a oposição também, pois durante algum tempo deixará de soprar apito para tocar um sonante trombone. (...) (pág. 2)

CORREIO BRAZILIENSE
- Acusado de comprar votos para aprovar a emenda da reeleição, o governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PSDB), gastou R$ 295 milhões, em 1995, sem fazer licitação. A maior parte do dinheiro foi para empreiteiras, entre elas a Marmud Cameli, apontada como intermediária na compra de votos de cinco deputados. (pág. 1, 8 a 15)
EDITORIAL
"O joio e o trigo" - Em sua primeira manifestação a respeito das denúncias de compra de votos na Câmara para aprovação da emenda da reeleição, o presidente Fernando Henrique foi claro e objetivo: exigiu apuração rigorosa das acusações. Não se poderia esperar outra atitude de um chefe de Estado diante de denúncias de tal gravidade. (...) É preciso, no entanto, em meio a tudo isso, saber separar o joio do trigo. Há as denúncias e a necessidade de investigá-las e punir os responsáveis - e há a tentativa de exploração política desses acontecimentos. Não faz sentido querer paralisar o processo de reformas constitucionais a pretexto de acusações que envolvem insignificante (do ponto de vista numérico) parcela do Legislativo. (...) As acusações, repita-se, são graves e não podem deixar de ser apuradas, mas não devem servir de pretexto para paralisar o processo legislativo ou para encurralar o Governo. Seria um desserviço ao País. (pág. 26)
ZERO HORA
- No Acre, quase todo mundo sabe que contar segredos para o deputado Ronivon Santiago é uma grande temeridade. Não é a primeira vez que Ronivon deixa o governador Orleir Cameli em maus lençóis pela sua indiscrição. Antes do senhor X - o homem que entregou para a "Folha de S. Paulo" gravações nas quais se denuncia um esquema para comprar votos favoráveis à reeleição -, o deputado estadual Wagner Salles (PMDB) ouviu Ronivon dizer que Cameli pagava uma mesada de R$ 10 mil aos 16 deputados da sua base de sustentação para manter o apoio. A conversa ocorreu em um vôo de Boa Vista (RR) para Brasília. (pág. 6)
- O taxista Valcy de Souza Campos foi a única pessoa no Acre a obter uma concessão para montar uma retransmissora de televisão no estado desde o início do Governo Fernando Henrique Cardoso. De acordo com o presidente da Comissão de Licitação do Dentel em Rio Branco, Oscar de Souza Lima, com a posse de Sérgio Motta no Ministério das Comunicações, todos os processos que existiam foram barrados. Há vários pedidos de concessão esperando no Dentel. Valcy de Souza Campos foi o único a quebrar o rigor do Ministério das Comunicações. (pág. 16)
REVISTAS
VEJA
TÍTULO DE CAPA
- REELEIÇÃO - A compra de votos no Congresso
BRASIL: A VERDADE DOS FALASTRÕES - A reeleição e o balcão onde se trocam poucos votos por milhares de reais. (pág. 22 a 29)
O GOVERNO DIZ AUSENTE (Flávio Pinheiro) - A privatização da Vale falhou na possibilidade de ter algum saldo pedagógico. (pág. 19)

ISTOÉ
TÍTULOS DE CAPA
- "DEPUTADOS COMPRADOS VIERAM COM DEFEITO" - O humor escrachado do Casseta & Planeta dá o tom da política no País
- SÉRGIO MOTTA - Um ministro contra a parede
DEPUTADOS DE ALUGUEL - O escândalo da compra de votos para aprovar a reeleição une a base do Governo no Congresso e FHC completa a reforma ministerial entregando duas pastas ao PMDB. (pág. 20 a 26)
SERJÃO SAI DE CENA - Ministro vai à Europa e FHC decide colocá-lo na geladeira para esfriar crise. (pág. 24 a 26)

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