quarta-feira, novembro 08, 2006

A MORTE DE SADDAM

Saddam foi condenado a nada mais nada menos que a morte.

Acho que a sua execução, por enforcamento, deveria ser transmitida ao vivo, para o mundo inteiro, sendo obrigatório, no horário, reunir todos à frente dos aparelhos de televisão.

O mundo tem que discutir a pena de morte e, para isso, tem que saber o que ela é.

Sou contra a pena capital. Acho que, além de trazer apenas o elemento vingança, ela representa uma desesperança total na humanidade.

Quando alguém é condenado à morte, o que se está a dizer é que o ato pelo qual ele responderá torna irrelevante qualquer atitude, boa ou má, que ele poderia tomar no futuro. Não perderemos tempo com ele. Basta. Foi demais. Ele ultrapassou todos os limites da nossa tolerância.

Muitos dos adeptos da pena nunca pensaram seriamente em todos os aspectos que ela envolve. São, em regra, premidos pelas circunstâncias dos crimes. Precisavam, talvez, de um choque, como assistir à execução. Notar o nervosismo nos olhos do condenado nos segundos que antecedem a execução, escutar o barulho das vértebras do enforcado se partindo, ouvir com atenção o gemido de dor, ver seus movimentos finais - suas pernas batendo, seu corpo tremento, o sangue saíndo pela boca ou pelo nariz - e notar o silêncio que a morte impõe ao chegar poderia contribuir com a reflexão.

Acho que, ao enforcarmos Saddam, somos tão criminosos quanto ele.

Para ele, os que foram massacrados tinham cometido um crime e estavam pagando por isso.

Não foi meramente um ato cruel, decidido de repente, escolhendo aleatoriamente uma população. Ele tinha razões, que acreditava verdadeiras, para bombardear, dizimar.

Essa mesma ilusão que ele nutria, está presente nos ocidentais que agora o condenam.

O requinte de crueldade foi tão grande que, com ele, fizemos o mesmo que havíamos feito há anos com os generais nazistas: diante de um pedido do acusado de morrer como um soldado, fuzilado, decidimos pela humilhação, mandando-o à forca.

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