sábado, julho 17, 2010

Contra o voto distrital

O candidato José Serra tem dito que fará, no primeiro ano do seu governo, caso ele exista, uma reforma política. Diz que implantará o voto distrital. Fala como se fosse essa a solução para os problemas em nossa representação. Discordo desse caminho.
Quem defende o voto distrital parece ter uma visão limitada dos interesses que marcam a sociedade. Reduz o pluralismo a interesses locais, dividindo o eleitorado em distritos, que elegerão seus representantes. Com o voto distrital, é possível, em tese, o país ter um parlamento totalmente formado por pessoas de um único partido, desde que esse partido vença as eleições em todos os distritos, mesmo que vencendo por pequenas maiorias. Nesse exemplo hipotético, um partido que obtenha 51% dos votos no país pode ter 100% do parlamento. Quem representa os que, em cada distrito, votaram em outras posições políticas?
Apenas o sistema proporcional é capaz de captar, minimamente que seja, a pluralidade de valores que existe na atualidade. Posições ideológicas minoritárias não são castradas, elegendo pequenas bancadas parlamentares, mas são representadas.

Um comentário:

Unknown disse...

Em apertadíssima síntese digo: 1) também sou contra o voto distrital para Câmara dos Deputados pelas mesmas razões; 2) acho estranho como no Brasil esses experimentos de reforma política têm que ser testado de início com os representantes federais, em vez de experimentá-los primeiro nas representações locais e estaduais; 3) sou favorável ao voto distrital nas representações municipais e estaduais por aquelas boas razões que conhecemos (aproximação dos representantes com os representados, redução do espectro partidário, etc); 4) por isso sou a favor de uma reforma política que estabeleça o voto distrital para os parlamentos municipais e estaduais, e preserve o voto proporcional para a Câmara dos deputados.